Ainda em clima de Carnaval, se “Império” fosse uma escola de samba, durante o desfile na Sapucaí eu seria o julgador que daria uma nota 9,4 no quesito enredo. No passar das alas e alegorias da trama, alguns passistas andam atravessando o samba, deslizando na avenida e deixando a desejar, atrapalhando a harmonia do conjunto. Alguns carros alegóricos, pomposos e luxuosos nos desenhos de rascunho, acabaram se tornando pesos mortos e difíceis de se empurrar durante o desfile.
Mas, entre altos e baixos, como uma boa alegoria, eis que um majestoso destaque se ressalta e realça todo o trabalho de criação e produção. O destaque em questão tem nome, sobrenome e talento: Othon Bastos.
No papel de Silviano, o mordomo até então educado, fiel, solicito e impecável em seus préstimos à família do Comendador Zé Alfredo (Alexandre Nero), em especial para a “Imperatriz” Maria Marta (Lilia Cabral), o brilhante ator Othon Bastos só precisou de três palavrinhas para fazer até o protagonista da novela em cena e o público em casa se calarem e se curvarem diante de uma interpretação magistral.
Pronto! Estávamos diante de um vulcão, até então adormecido e plácido, que explodiu em um ápice de ira, despejando a cada fala todo um histórico de revolta diante das atitudes, ao ver do próprio personagem serviçal, erradas e inescrupulosas atitudes do Comendador.
Digamos que, ao final da “folia de Momo”, Silviano sambou na cara da sociedade e brilhou com todos os cristais, plumas e paetês possíveis em uma fantasia fabulosa e uma atuação ascendente e incendiante para a trama, por vezes, monótona da novela.
Uma salva de palmas e um Estandarte de Ouro para o destaque no carro alegórico da reta final de “Império”, Othon Bastos.